A
energia elétrica está tão presente no nosso cotidiano que não
percebemos de todo o quanto ela pode representar perigo no manuseio
inadequado e inconsequente. Estes dados abaixo mostram como ela pode
ser fatal e não custa tomar algumas precauções.
A
cada dois dias, uma pessoa morre no Estado de São Paulo em
decorrência de descarga elétrica. Em 2010, último dado consolidado
da Secretaria Estadual de Saúde, foram registradas 167 mortes por
choques elétricos.
"Qualquer
contato com a rede elétrica , seja ela caseira ou da rua, é
considerado uma descarga. Pode ser com a corrente [elétrica]
propriamente dita ou em situações em que você tem contato com algo
energizado ou superaquecido por causa da passagem da corrente
elétrica", explicou Gustavo
Feriani, supervisor médico do Grau (Grupo de Resgate e Atendimento a
Urgências) da secretaria.
Segundo
ele, ao tocar um fio eletrificado ou um campo energizado, a pessoa
pode sofrer desde uma simples queimadura até lesões nos órgãos
internos.
"A
corrente elétrica tem preferência por meio líquido. Ela conduz
melhor a eletricidade em estruturas líquidas. No nosso corpo, ela
vai passar exatamente nos órgãos que tem isso, nos vasos, nervos e
músculos, preferencialmente. A eletricidade passa menos por ossos e
pele. Muitas vezes temos uma pequena lesão na superfície da pele,
mas, na sua profundidade, os órgãos internos podem estar bastante
lesados",
esclareceu.
As
descargas elétricas, lembrou Feriani, também podem provocar
arritmias e paradas cardíacas, alteração da função do rim,
lesões musculares e no sistema nervoso, com perda de movimento e,
nos casos mais graves, fraturas ou lesões da coluna.
As
principais vítimas das descargas elétricas são os homens. Do total
de pessoas que morreram em 2010 em decorrência de contato com a rede
elétrica, 157 eram homens, geralmente os responsáveis por fazer
serviços de manutenção e reparos em residências.
"O
principal fator de risco é a pessoa que vai tentar puxar um fio de
forma ilegal e conectar diretamente na fonte da rua, que vem com uma
carga ou com uma voltagem muito alta. Além de fazer o reparo de
forma ilegal ou sem conhecimento adequado, a rede não está
desenergizada",
destacou.
Veja
tambem:
- Como fazer com segurança ao lidar com a rede de energia em casa
- Como fazer para usar melhor a energia elétrica
Outro
problema, lembrou o médico, é quando as pessoas pretendem fazer
algum reparo doméstico e se esquecem de desligar o disjuntor.
"Muitas vezes fazem isso com a
chave geral ligada. A corrente dentro de casa nem é tão forte, mas
as pessoas fazem isso de forma bem displicente, sem cuidados",
disse.
Além
dos homens adultos, também preocupa a quantidade de crianças que se
envolvem em acidentes elétricos. "As
crianças brincam de empinar pipa muito perto da rede elétrica e são
várias as vítimas que recebem a descarga por causa dessa atividade.
E acabam sofrendo descargas muito graves",
disse.
A dica do médico é
que, ao mexer com a rede elétrica dentro de
casa, as pessoas se lembrem sempre de desligar o disjuntor (que corta
a energia que chega da rua), usar material de isolamento, como luvas
emborrachadas e calçados apropriados. Também
é preciso retirar joias e bijuterias, como brincos, colares e anéis,
e nunca fazer esse tipo de serviço em ambientes molhados ou úmidos.
Outra dica é jamais tentar puxar
os fios da rede pública.
"Peça
ajuda do órgão competente para fazer isso porque a voltagem que sai
da rua para dentro das casas é muito alta. Quanto maior a
intensidade, maior o risco de morte", alertou o médico.
Em
caso de choque elétrico, é fundamental que, primeiro, se tente
desligar a rede para, depois, procurar socorro.
"É
fundamental as pessoas terem certeza de que a pessoa que tomou a
descarga não está mais em contato com a rede elétrica. Se a pessoa
que for ajudar tocar na pessoa que está em contato com a rede
elétrica, ela vai receber o mesmo choque e ter as mesmas lesões, se
tornando uma segunda vítima. Se for em casa, desligue a rede. Se for
na rua, chame a empresa responsável pela energia elétrica",
falou Feriani
Da
Agência Brasil
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