Não sei por que cargas
d´água as questões ambientas saíram
de moda... É como se estivéssemos vivendo em um planeta ‘zero bala’ onde as
mazelas construídas, ou destruídas, pelo sistema de produção/exploração e uso
dos recursos naturais sumissem como
que por um passe de mágica.
A mídia convencional
calou-se – se é que informava, de fato, antes – os ambientalistas de plantão sumiram e até ONGs, blogs e sites que,
ainda, tratam do tema têm ‘ibope’ perto de zero nas redes sociais. Os temas ambientais sumiram mesmo...
Qual foi a última vez
que viu algo sobre questões ambientais ser falado ou discutido em conversas e
bate-papos?
Mas, apesar do mutismo
geral que se observa por aí, a ‘coisa’ continua’... É continua ameaçando a vida
nesse planeta maravilhoso.
Veja também:
E aí, conhece o microplástico? Veja como este seu companheiro pode acabar com os oceanos
Quando se fala em
“vida”, parece até algo meio abstrato com o qual não temos nada a ver... Não
tem nada a ver com a “nossa”...
O plástico ao qual se refere o titulo da reportagem não é aquele que você
vê por aí, boiando nos rios e lagos ou ‘enfeitando’ a orla e a praia... O microplástico não é visível, assim... A
olho nu...
Confira mais informações
abaixo:
"Cientistas veem entrada de plástico na cadeia alimentar terrestre
São Paulo – Sinônimo de
praticidade, o plástico se tornou tão útil na vida moderna a ponto de ser
encontrado por todos os lados – até onde não deveria.
Evidências
científicas crescentes demonstram que a
onipresença do plástico em produtos cotidianos (de embalagens à cosméticos,
passando por roupas e artigos domésticos) tem contribuído para uma poluição sem precedentes no meio ambiente,
e que não respeita fronteiras.
A contaminação das águas dos oceanos por
detritos do material é um dos efeitos mais estudados pelos cientistas. Além de
formar imensos bolsões de resíduos à deriva no mar, o lixo plástico já atinge
as remotas praias do Ártico e
as regiões mais
profundas dos oceanos.
Agora, um estudo inédito revela que
micropartículas plásticas podem estar presentes até mesmo na água potável que é
servida à população em vários países do mundo.
A pesquisa, divulgada nesta semana pela organização Orb
Media, encontrou vestígios de fibras de plástico
microscópicas em 83% das 159 amostras coletadas de várias partes do mundo.
Foram encontradas microfibras plásticas até mesmo
na água engarrafada e em casas que usam filtros de osmose reversa, um dos
processos mais utilizados para fazer a purificação da água.
“A contaminação desafia a geografia: o número de
fibras encontradas em uma amostra de água da torneira do restaurante Trump
Grill, na Trump Tower, em Manhattan, nos EUA, foi igual ao encontrado em
amostras de Beirute, no Líbano”, diz o relatório da Orb.
A pesquisa feita com apoio da Escola de Saúde
Pública da Universidade de Minnesota, que centralizou as análises globais,
mostra que dos salões do Congresso dos EUA até as margens do Lago Victoria, em
Uganda, mulheres, crianças, homens e bebês estão consumindo plástico em cada
copo de água.
Ou seja: os microplásticos não estão apenas
sufocando os oceanos, mas também a água potável do mundo. Inclusive a do
Brasil.
Em parceria com a Orb, o jornal
Folha de S.Paulo, coletou 10 amostras extras de águas
em residências da capital paulista e as enviou para análise na Escola de Saúde
Pública da Universidade de Minnesota. A análise revelou que nove em cada 10
amostras continham microfibras de plástico.
A empresa de saneamento de São Paulo, Sabesp,
assim como as demais empresas do setor no Brasil, não faz a filtragem desse
material. Não há obrigação legal para que isso ocorra.
As empresas de tratamento de água seguem as
determinações da Portaria 2914, do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo
humano. E não há nenhuma referência na norma para controle de microplástico na
água.
Na maioria das vezes, as fibras de vestuário são
muito pequenas para serem filtradas nas estações de tratamento de águas
residuais e acabam sendo descarregadas em córregos, rios, lagos e,
eventualmente, no oceano.
“Nós acreditamos que o acesso a água limpa é um
direito humano”, disse em nota
Jane Patton, diretora geral do Plastic Pollution Coalition,
entidade internacional que reúne representantes de Ongs, empresas e governos
para combater a poluição plástica.
“Certifique-se de que o governo da sua cidade sabe
que você espera que eles mantenham a água potável segura”, acrescentou Patton,
recomendando que a população exija dos legisladores e governantes alguma ação
sobre as micropartículas de plástico na água.
Riscos à saúde?
1 milhão de garrafas plásticas são vendidas a cada minuto |
Os detritos plásticos são contaminantes complexos
e persistentes do ponto de vista ambiental. O plástico é quase indestrutível e,
no meio ambiente, só se divide em partes menores, até mesmo em partículas em
escala nanométrica (um milésimo de um milésimo de milímetro). Ainda assim, a
natureza é incapaz de “digeri-lo”.
Independentemente do tamanho do detrito, os
plásticos muitas vezes contêm uma ampla gama de substâncias químicas usados
para alterar suas propriedades ou cores e muitas delas têm características
tóxicas ou de disrupção endócrina (imitam hormônios capazes de interferir no
sistema endócrino). Para piorar, os plásticos também podem atrair outros
poluentes, incluindo dioxinas, metais e alguns pesticidas.
“Nós temos dados suficientes, só de olhar para os
impactos que o plástico está gerando sobre a vida selvagem, para se preocupar”,
disse ao
The Guardian, Dr. Sherri Mason, especialista em
microplástico da Universidade Estadual de Nova York, que supervisionou as
análises da Orb. “Se isso está impactando [a vida selvagem], então, como pensar
que não vai nos afetar de alguma forma?”
Para os cientistas, o desafio é duplo: de um lado
repensar os padrões de consumo e produção de plástico no mundo, incluindo aí
formas de recolher e reaproveitar esses resíduos impedindo que eles contaminem
o ambiente; e do outro, identificar os riscos que a ingestão de microplástico
representa para os seres humanos.
A tarefa não será fácil. Como revelou estudo
recente, o mundo já
produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde
que a produção em larga escala de materiais sintéticos começou, no início da
década de 1950. É tanto plástico que equivale a cerca de 25 mil vezes o peso do
Empire State Building, em Nova York. De todo esse lixo, apenas 9% foi
reciclado, 12% foi incinerado e 79% está acumulado em aterros ou poluindo
o ambiente natural.
Em ExameAbril
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