A genética
da seleção perversa
Monstros criados pelo homem? Exatamente. Graças à
seleção artificial o pit bull é um animal feito para brigar.
“Sabemos que a agressividade tem um forte componente genético
porque ela já se manifesta em filhotes”, explica Randall Lockwood.
Os cientistas têm três hipóteses sobre a origem da ferocidade dos
pit bulls.
A primeira decorre da constatação de que a
maioria dos ataques fatais observados nos Estados Unidos, onde há
estatísticas precisas, foram dirigidos a crianças em primeiro lugar
e a idosos em segundo. “Nesse caso, eles estariam agindo como
predadores, atacando os indefesos para comer”, afirma Sharon
Crowell.
Outra pesquisa descobriu nos pit bulls deficiência
de serotonina, o neurotransmissor responsável pela estabilidade
emocional dos animais. “Os cães que atacam sem avisar são mesmo
desequilibrados, em parte porque têm baixos níveis de serotonina”,
explicou à SUPER a veterinária Ilana Reisner. “É preciso
agora descobrir se isso é válido para todos os pit bulls ou
somente para os agressivos.” Segundo ela, nada garante que, ao
cruzar animais ferozes, os criadores tenham determinado que a
agressividade se volte apenas contra cães. Ou seja, o ímpeto pode
se descontrolar e atingir qualquer alvo, inclusive seu proprietário.
A terceira hipótese estuda a seleção do
temperamento. Buscando produzir cães de rinha, os cruzadores teriam
eliminado dos pit bulls dois comportamentos normais entre cães e
lobos: advertir antes de atacar e cessar o ataque quando o adversário
se rende. “Isso produz cachorros com uma ferocidade que não tem
cabimento nem na natureza, pois é desprovida de sentido social
e hierárquico”, diz Lantzman. Uma fúria bestial.
A eficácia dos cruzamentos é indiscutível.
“Ela atua sobre os genes que influenciam tanto o comportamento
quanto a anatomia”, diz Lantzman. Portanto, cães impetuosos e
programados para atacar, que têm a agressividade como padrão de
comportamento inato, não podem, é lógico, ser usados como
mascotes.
Feras indomáveis desde o nascimento têm de ser
sacrificadas ou, pelo menos, impedidas de passar seus maus genes para
a frente. “Somos favoráveis à esterilização de animais de ficha
suja”, disse à SUPER Crista Schroeder, vice-presidente da
Sociedade Zoófila Educativa, do Rio de Janeiro. “Só assim
deixaremos de obter ninhadas com características indesejáveis.”
Da Revista Superinteressante
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