Se mora em São Paulo e
tem o saudável hábito de dar uma passadinha neste patrimônio verde desta cidade
‘não tão verde’ assim, pode começar a botar as barbas de molho. Ou melhor, o ‘trocado’
disponível.
É que o novo prefeitinho
psdb vai doá-lo à iniciativa
privada. É, doá-lo, já que deve fazer parte do trato de financiamento de campanha,
logo, o preço é um mero detalhe.
"Privatização do Ibirapuera: Quem ganha com isso?
O prefeito eleito de
São Paulo, João Dória Jr., propôs vender ou privatizar vários bens públicos da
capital. Entre eles, o Parque do Ibirapuera, um dos maiores e mais frequentados
do município. Se a proposta é privatizar, isso significa que uma empresa com
fins lucrativos vai explorar comercialmente aquele lugar, e, em contrapartida
investir na manutenção do parque. A polêmica toda começa aí. O que essa empresa
vai vender? Como ela vai vender? E como isso pode afetar o uso público e
gratuito do parque?
Ao longo da semana, pós-anúncio da privatização,
ouvi argumentos do tipo “o Central Park, em Nova Iorque, tem gestão privada e
presta um bom serviço à comunidade, por que não seguir o mesmo modelo?”. Na
minha coluna dessa semana na Rádio USP, expliquei para a repórter Sandra
Capomaccio que esse argumento não é verdadeiro.
Na verdade, cerca de 75% dos US$76 milhões anuais
necessários para a manutenção e pequenos restauros do Central Park são cobertos
por uma entidade sem fins lucrativos criada no final dos anos 1980 por
moradores da cidade, usuários do parque e pessoas preocupadas com seu mau
estado de conservação naquele momento. Os recursos dessa entidade são
provenientes de doações de pessoas e empresas que acreditam na importância de
manter o parque aberto à comunidade. Além desses recursos, o parque opera
também com campanhas específicas, sempre baseadas em doações. Ou seja, sem
retorno, sem negócio, sem lucro.
Isso nada tem a ver com “privatização”. É muito
mais uma gestão compartilhada.
Raquel
Rolnik, em seu blog
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